Capítulo DCII : Sai Domingos entra Sá

Muita asneira já li nestes dias. Acreditar em tudo o que uma já rotulada imprensa parcial nos diz descreve a pura inocência e desconhecimento. Aos que escrevem sobre o Sporting... cuidado. De certa forma influenciamos, nem que em dose infinitesimal, a opinião de alguns. Controlem a testosterona e lembrem-se que sempre que opinamos responsabilizamo-nos por algo. 

Domingos saiu. Entrou Sá Pinto. Passei por várias fases nestes dias. Primeiro, tristeza de ver partir um homem que eu admirava e que tinha orgulho em ver representar o Sporting. Depois, compreensão que nestas decisões há que haver um nível elevado de objectividade e racionalidade em prol de um bem maior. Por fim, a tão comum luz branca que nos faz perceber que treinadores passam, jogadores passam... e o Sporting permanece.

Por mim Domingos teria ficado. Resultados não se alcançam de um dia para o outro.
Sejamos realistas. Uma estrutura como o Sporting, extremamente endividada, com uma participação e influência cada vez menores no futebol português e com uma mentalidade antiquada (explicarei adiante), não pode querer fazer-se passar pelo oposto. Antes de nos querer-mos ombrear com outros, olhe-mo-nos a nós. Querer fazê-lo não é ser ambicioso nem exigente, é ser irracional (fiz um enorme esforço para não colocar outra palavra).

O projecto não acabou, obviamente. Teve um impasse, voltou-se (a meu ver, claro está) um passo atrás, mas o projecto continua. Godinho Lopes mostrou claramente que nas decisões desportivas tem pouco influência. Não vejo o drama criado aqui, também. O maior representante não é necessariamente a pessoa que mais influencia, mas sim aquele ao qual é preciso sempre consentimento. Teve (muito) infeliz nas declarações antes do episódio da rescisão, mas querer ir mais longe já é chegar a um determinado grau de mesquinhez.

A mentalidade é antiquada.
Encarem a realidade. As coisas mudam. O Sporting não é neste momento o que foi há uma dúzia de anos. Não consigo encontrar adjectivos que consigam qualificar a delicadeza da nossa situação. Temos de continuar a nossa luta interna por um Sporting mais forte, com bases, e de evolução progressiva.
Não tenho problema em chamar de retrógrado a todos os que, veemente, vão contra esta visão.

Sá Pinto foi a escolha de recurso óbvia. Está numa posição muito difícil e revelou coragem em aceitar imediatamente a chamada.
Se conseguir aliar a serenidade e discernimento necessários a um treinador à sua habitual garra e paixão, acredito que ele nos possa surpreender pela positiva.

Quero acabar por fazer um apelo, sobretudo aos jovens. Sei que alguns jovens leêm o Mercado Leonino e como tal queria dizer-vos o seguinte: Pensem por vós e vós só.

 - 95 % das coisas que lêm/ouvem estão, no mínimo, distorcidas da realidade.
 - Mais de metade daquilo que vocês efectivamente vêm não são o que parecem.
 - Esta própria crónica minha está, em muita parte, influenciada por sentimentos meus que só atrapalham a razão (embora tente sempre evitar isso).

Espero e acredito que a futura geração de Sportinguistas seja mais flexível, compreensiva e paciente.

Força Sá Pinto, força Sporting.





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