Rinaudo e Darwin

De acordo com Darwin, só um indivíduo sem especialização e, consequentemente, com capacidade de adaptação a outros meios estava apto para sobreviver a mecanismos de selecção natural, isto é, consegue desencadear reacções de adaptação a meios que não o seu original. Quem não tivesse essa capacidade de adaptação, acabava por ser extinto.

Rinaudo chegou este ano ao futebol europeu. Tendo nacionalidade argentina, é um daqueles jogadores que em campo dão tudo pelo clube que defendem, embora nunca o façam com maldade ou com intenção de magoar o adversário. Desde o seu primeiro jogo, Rinaudo ficou rotulado de jogador duro e faltoso, sendo desta forma muito fácil mostrar-lhe amarelos e vermelhos sempre que faz uma falta. Um dos principais divulgadores desta campanha “Lixa o Rinaudo” foram os media, que acabaram por criar uma imagem sobre o jogador que não é a real.

Em Guimarães foi mal expulso, nos últimos dois jogos levou dois amarelos mal mostrados, ficando em cheque para o derby por ter atingido o limite de amarelos. Os seus cortes, quase sempre em carrinho, provocam o derrube do adversário, mas antes disso toca sempre na bola efectuando cortes limpos. Os árbitros não vão mudar esta atitude dura perante Rinaudo. Sempre que fizer falta arrisca-se a ser admoestado, mesmo que não o mereça.

Das duas uma, ou muda Rinaudo ou mudam os árbitros. Os árbitros não mudam, e se Rinaudo continuar nesta senda de cortes, arrisca-se a ficar de fora uns cinco jogos por temporada. Assim, resta ao argentino tentar temperar as suas acções, não dando tanto “estrilho” a recuperar as bolas e a ser menos vigoroso na forma que tenta alcançar a bola. Quase como um indivíduo perante a acção do meio, Rinaudo terá de desenvolver capacidades de adaptação aos árbitros portugueses, caso contrário será “extinto” por selecção natural (por meio da arbitragem, entenda-se).